A greve dos funcionários e funcionárias da educação em Goiânia tem várias faces: é uma luta jurídica (pois o Piso é lei), é uma luta política e acima de tudo é uma luta pedagógica, isto é, uma batalha em prol da educação, da dimensão ético-filosófica do ser humano. A justificativa pedagógica para nosso movimento pode ser facilmente encontrada, por exemplo, nas páginas de Pedagogia da Autonomia, do mestre Paulo Freire (educador tão em voga na Secretaria Municipal de Educação);
“Está errada a educação que não reconhece a justa raiva, na raiva que protesta contra as injustiças, contra a deslealdade, contra o desamor, contra a exploração e a violência um papel altamente formador”.
“Como posso continuar falando em meu respeito ao educando se o testemunho que a ele dou é o de quem não se prepara ou se organiza para a sua prática, o de quem não luta por seus direitos e não protesta contra as injustiças”.
“A minha resposta à ofensa à educação é a luta política consciente, crítica e organizada contra os ofensores. Aceito até abandoná-la, cansado, à procura de melhores dias. O que não é possível é, ficando nela, aviltá-la com desdém de mim mesmo e dos educandos”.
“Não é na resignação, mas na rebeldia em face das injustiças que nos afirmamos. Uma das questões centrais com que temos de lidar é a promoção de posturas rebeldes em posturas revolucionárias que nos engajam no processo radical de transformação do mundo”.
“Continuo bem aberto à advertência de Marx, a da necessária radicalidade que me faz sempre desperto a tudo o que diz respeito à defesa dos interesses humanos”.
“O que temi, nos diferentes momentos de minha vida, foi da margem, por gestos ou palavrões, a ser considerado um oportunista, um ‘realista’, ‘um homem de pé no chão’, ou um desses ‘equilibristas’ que se acham sempre em ‘cima do muro’ à espera de saber qual a onda que se fará poder”.
“Quando falo em educação como intervenção me refiro tanto à que espira a mudanças radicais na sociedade, no campo da economia, das relações humanas, da propriedade, do direito ao trabalho, à terra, à educação, à saúde, quanto a que, pelo contrário, reacionariamente pretende imobilizar a História e manter a ordem injusta”.
“Que dizer da professora que, de esquerda ontem defendia a formação da classe trabalhadora e que, pragmática hoje, se satisfaz, curvada ao fatalismo neoliberal, com o puro treinamento do operário, insistindo, porém, que é progressista”.
“Não junto minha voz à dos que, falando em paz, pedem aos oprimidos, aos esfarrapados do mundo, a sua resignação. Minha voz tem outra semântica, tem outra musica. Falo da resistência, da indignação, da justa ira dos traídos e enganados. Do seu direito e do seu dever de rebelar-se contra as transgressões éticas de que são vítimas cada vez mais sofridas.”
“Sou professor a favor da luta constante contra qualquer forma de discriminação, contra a dominação econômica dos indivíduos ou das classes sociais. Sou professor contra a ordem capitalista vigente que inventou esta aberração: a miséria na fartura.”
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